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Crente ou cliente?

Certa vez ouvi de um pastor que o melhor dia de sua igreja é a sexta-feira, porque, nas três reuniões que ocorrem nesse dia, passam por lá mais de mil pessoas. Se entendi bem a informação do nobre colega, penso que os demais dias da semana são menos importantes porque são menos concorridos. Seguindo a mesma linha de pensamento, entendo que nessa eclesiologia a importância está na frequência; dessa forma, os frequentadores é que fazem toda a diferença, e são eles que orientam os rumos da congregação. Isso tem enorme semelhança com o comportamento no mercado de consumo. O cliente é o bem mais importante e precisa ser agradado cada vez mais; caso contrário, ele “bate asas”, e o produto não é vendido.

O comerciante que tem uma excelente carteira de clientes é admirado e invejado pelos concorrentes, assim como um pastor que tem uma grande quantidade de pessoas frequentando a sua igreja é invejado por muitos pastores que têm a mesma visão eclesiológica. Esse modelo de igreja não vê o frequentador como um pecador que precisa ser confrontado e discipulado para ser transformado. Esse modelo vê o frequentador como cliente que não pode ser incomodado; pelo contrário, precisa ser massageado, para continuar fiel e não mudar de fornecedor.

Esse modelo de igreja segue rigorosamente a lei do mercado de consumo: “O cliente sempre tem razão.” Fazem até pesquisas para tentar descobrir os desejos do cliente. “O cliente é algo móvel”, dizem os mais experientes. Vencem aqueles que conseguem antecipar-lhes os desejos e são mais rápidos nas ofertas de novos produtos. Essa visão eclesiológica, ao invés de gerar crentes fiéis e piedosos, gera clientes exigentes, egocêntricos e impenitentes, que em nada diferem do cliente do mundo. São demasiadamente egoístas.

O crente crê no poder do evangelho de Cristo e deseja seguir e servir a Jesus com alegria no seu dia a dia. O cliente, por sua vez, não está interessado no evangelho; seguir e servir a Jesus é o que ele menos deseja. O que ele quer mesmo é ser atendido em suas necessidades; afinal de contas, ele é o consumidor, e a igreja precisa fornecer os produtos que ele deseja comprar. Aprendemos na Palavra de Deus que os profetas do Antigo Testamento, os apóstolos no Novo Testamento e o próprio Senhor Jesus nunca trabalharam para alcançar clientes, mas sim pela edificação dos crentes. O crente quer servir, e o cliente quer ser servido. Você é crente, ou está mais para cliente?

Rev. Sílvio Ferreira

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