Embora muitos pregadores em nossos dias tentem sugerir que a vida cristã é fácil, a própria experiência do crente comprova que viver de acordo com a Palavra de Deus sempre será uma luta. Muitas vezes eu falei, no púlpito da nossa igreja, que o mundo não é nosso parque de diversões, e sim o nosso campo de batalha.

O próprio apóstolo Paulo relata sua luta, chegando a afirmar que esmurrava seu corpo para não ser desqualificado. Encontramos muitos exemplos nas Sagradas Escrituras de pessoas que travaram lutas ferozes para não serem vencidas pelo pecado e não abandonarem a carreira com Deus. Embora a tentação possa vir sobre todos os crentes, não é sempre que eles serão vencidos; no Senhor, recebemos poder para vencer a tentação. Porém, muitos crentes acabam por não lançar mão do poder de Deus, tornando-se presas fáceis para o pecado. Por exemplo, Deus deixou bem avisado para Caim que o pecado estaria sempre diante dele, mas caberia a ele dominá-lo. Caim optou por não fazer assim, e acabou sendo o primeiro homicida dentre os mortais.

A Bíblia nos ensina que aquele que não passou pelo novo nascimento é escravo do pecado; este não tem como não pecar. Ela também ensina que aquele que passou pela regeneração pode até pecar, mas não é algo que necessariamente ocorre, pois este não é mais escravo do pecado. Ele tem autoridade em Cristo Jesus para vencer as tentações; embora, quando peque, é porque fez opção pelo pecado.

A vida nos mostra que, em algumas situações, o crente entra em um estilo de vida pecaminoso e relaxado espiritualmente. Nesse ponto, começa um perigoso declínio espiritual. O pecado está se alojando no coração e, certamente, esse servo outrora operoso terá seu coração escravizado pelo pecado. Quando o pecado se aloja no coração do crente, ele se mostra desalinhado com Deus, perde o temor e deixa de valorizar as coisas que são preciosas para o Senhor, tais como o culto, o ensino bíblico, a oração, a leitura da Bíblia, a comunhão dos irmãos, o trabalho e até a mesmo a própria família. Não são poucos os casos de lares desfeitos porque o esposo perdeu o interesse na família, ou porque a esposa perdeu a vontade de continuar lutando pelo casamento. Em outros casos, um dos dois se encantou com uma miragem externa. 

O pecado no coração do crente torna-o insensível quanto à voz do Espírito Santo, e totalmente sensível para com a voz do mundo. Quando o pecado se aloja no coração do crente, os conselhos do mundo são bem aceitos e obedecidos, mas os conselhos bem-intencionados do pastor e dos irmãos da igreja são rejeitados e desprezados.

Uma vida cristã de qualidade, marcada pelo exercício das disciplinas espirituais, é capaz de blindar toda e qualquer investida maligna no sentido de fazer do coração uma morada do pecado. Não deixe seu coração ser escravizado pelo pecado. 

Rev. Sílvio Ferreira