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Existe “pecadinho” e “pecadão”?

A resposta é não; definitivamente, não existe “pecadinho” ou “pecadão”. E, se existisse, o menor de todos os pecados já seria suficiente para condenar à perdição eterna, se não fosse a morte vicária de Cristo para salvar os perdidos de seus pecados.

Contudo, o que existe é o efeito do pecado, e isso é algo que precisa ficar muito claro na mente dos cristãos. Vejamos o relato bíblico do confronto de Natã para com o rei Davi em 2Samuel 12:14ss: “Então Davi disse a Natã: Pequei contra o Senhor. E Natã respondeu: Também o Senhor perdoou o seu pecado; você não morrerá. Mas, porque com isto você deu motivo a que os inimigos do Senhor blasfemassem, também o filho que lhe nasceu morrerá”. Reparem que Davi se arrependeu e foi perdoado, mas o profeta prossegue e diz algo que merece nossa atenção: Davi, ao desprezar o Senhor, deu motivos para que o nome do Senhor fosse blasfemado.

Quando um irmãozinho em Israel pecasse, deveria se apresentar ao sacerdote com seu sacrifício, o qual poderia ser uma pomba. Porém, quando um príncipe cometia o mesmo pecado, dele não era aceito uma pomba, e sim um novilho. Por que esta exigência tão diferente? Porque a influência do pecado do príncipe era muito maior e causaria muito mais estragos na comunidade.

O pecado sempre terá dois efeitos: o vertical e o horizontal. O efeito vertical é que ele sempre agride a Deus, e o efeito horizontal poderá ser maior ou menor na vida das pessoas que forem atingidas.

Pensem numa família na qual um filho decide desobedecer às ordens de seus pais. Ele pecou contra Deus e atingiu os membros da família, mas isso não sairá do ambiente familiar e, certamente, a família irá tratar o assunto com amor e a situação irá se acertar, diante de Deus e no lar. Agora, pensem que, nessa mesma família, aconteceu outro pecado: o pai causou um desfalque financeiro na empresa que trabalha. Ele agrediu a Deus, atingiu a empresa, a sua família e a igreja onde ele congrega. O seu pecado não é maior ou menor que o pecado de seu filho, mas os seus efeitos são bem mais devastadores. O pecado deste homem, como o pecado de Davi, poderá levar muitos a blasfemar o nome de Deus.

Continuem pensando neste homem. Vamos supor que ele procurou a liderança da igreja, reconheceu seu pecado, aceitou a disciplina, levantou dinheiro e ressarciu a empresa, foi acolhido pela sua família com amor, e tudo foi se ajeitando na medida do possível. Uma coisa, porém, deve ficar bem esclarecida: é provável que esse acontecimento vai demorar algumas gerações para entrar na lista dos fatos esquecidos.

O pecado destrói uma pessoa, uma família e depois duas, destrói uma igreja, destrói uma nação. O pecado vai consumindo o pecador assim como a gangrena vai consumindo a carne. Voltando à questão a respeito de pecadinho e pecadão: pelo fato de não existirem essas duas “modalidades”, alguns efeitos danosos podem surgir na vida da comunidade cristã. Uma pessoa que está sendo tentada a cometer um pecado e que está se deixando levar por essa tentação pode começar a racionalizar da seguinte maneira: se não existe diferença entre pecados, esse que ela está querendo cometer, embora seja algo muito grave, não será diferente dos que ela tem cometido diante de Deus. Com esse pensamento, ela comete o pecado se enganando e poderá não se sentir culpada, pelo menos por algum tempo. Porém, a própria destruição que o pecado comete certamente a trará de volta à sensatez, ao arrependimento e ao perdão, embora permaneçam as marcas que o pecado deixa.

Meus queridos, o pecado engana, escraviza, embrutece, e leva o pecador para cada vez mais longe de Deus, a ponto de não desejar mais nenhuma relação Deus nem com a Palavra. Isso faz a situação ficar cada vez mais complicada, porque despreza aquilo que lhe é a única solução. Um certo diácono escreveu na Bíblia de um jovem: “Este livro o afasta do pecado, e o pecado o afasta deste livro”. É a pura verdade. Quanto mais buscarmos a Palavra, mais santidade acontece na nossa vida; quanto mais praticamos o pecado, mais longe queremos estar da Palavra. Jesus disse na oração sacerdotal: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).

Concluindo, o fato de não existir “pecadinho” ou “pecadão” deveria nos fazer sentir pavor do pecado, porque qualquer pecado poderá levar o pecador impenitente a passar a eternidade no inferno. Portanto, quanto mais sanificarmos a nossa vida, mais vitórias teremos sobre o pecado.

Deus o abençoe.

Rev. Sílvio Ferreira

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