Categories

Nosso Blog

Quem atrapalhou o meu dízimo?

A história a seguir é um depoimento do Rev. Ivam Gomes Pereira, à época pastor da Igreja Presbiteriana de São João da Boa Vista/SP, e hoje missionário da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT) em Medellín, na Colômbia.

Corria o ano de 1976, mês de janeiro, época de fortes chuvas no nosso leste de Minas e no sul do Espírito Santo. Estávamos tristes, pois mamãe acabara de falecer em outubro do ano anterior e, como em todos os anos, eu e minha irmã Ineide passávamos as férias escolares na roça, no sítio do Vovô Raul e da Vovó Edith no Córrego da Santa Clara, perto de Ibatiba/ES.

Tantas lembranças maravilhosas temos da casa da vovó e do vovô! Mas uma em especial eu quero contar aqui hoje, pois marcou e mudou a minha vida cristã para sempre. Eu tinha 10 anos de idade, era uma tarde de sábado e chovia torrencialmente; estávamos todos dentro de casa na roça: vovô e vovó, os tios e os primos, muita gente, uma boa farra… Naquela época nem luz elétrica havia lá.  Mas algo despertou a minha atenção numa mesinha que ficava num canto da saleta que dava entrada para os quartos, entre a sala e a cozinha daquela casa grande e alta na roça.

Havia duas cestas de ovos, uma grande, com muitos ovos, quase transbordando, e uma outra bem menor, com poucos ovos e bastante espaço ainda. Parei ali diante da mesinha e comecei “cuidadosamente” a passar ovos da cesta grande para a cesta pequena e da pequena para a grande. Misturei todos – graças a Deus não quebrou nenhum – e, quando saí, fiz questão de deixar a cesta pequena bem cheia. Para mim não fazia sentido quase todos na cesta grande e tão poucos na cesta pequena. Passaram-se algumas horas e o temporal se foi, mas ainda havia muito barro no terreiro e todos deveriam ficar dentro de casa; foi quando vovó entrou trazendo mais alguns ovos da “colheita” daquela tarde. De repente todos ouvimos uma pergunta áspera da vovó: “Quem mexeu nos meus ovos?” Prontamente respondi: “Fui eu, mas não quebrei nenhum, só mudei de lugar”. Então, vovó Edith respondeu: “Menino, você não devia ter feito isso. VOCÊ ATRAPALHOU O MEU DÍZIMO”. Como fiquei sem entender muita coisa, ela percebeu e me deu uma aula prática sobre dizimar. Naquela tarde, aprendi que a cada dez ovos que vovó “colhia” (assim ela dizia), nove ela colocava na cesta grande e um ela colocava na cesta pequena; esse era o seu “dízimo”. E, quando vovô ia à cidade, ele levava os ovos para serem vendidos. Os ovos dos dízimos iam separados e ele também trazia o dinheiro da venda separadinho, para vovó entregar o dízimo dela na igrejinha da roça no culto do domingo. Gente, vocês nem imaginam como isso ainda ecoa na minha mente e no meu coração até hoje! Uma pessoa simples, sem a oportunidade da escola, pobre, pouca saúde, batalhadora, honesta… mas fiel a Deus em todas as áreas da vida, e isso incluía a entrega dos dízimos dos ovos.

Ela nunca imaginou o quanto Deus me ensinou com esta minha “arte” atrapalhando os seus dízimos. Eu aprendi a ser dizimista e não abro mão disso.

Eu fiz o sermão do culto do ofício fúnebre da vovó. 96 anos tão abençoados pelas mãos do Pai Eterno! Preguei em Romanos 14.7-9 e me emocionei demais ao agradecer a Deus por tão preciosa vida! Ela partiu para estar no céu com Jesus, a quem ela dedicou sua vida inteira e serviu por todos os seus dias.

O meu coração é muito feliz e grato por tudo quando pude ver e aprender com uma mulher franzina e tão frágil fisicamente, mas uma gigante na fé. Que exemplo! Deus seja sempre louvado!

Experimente ser dizimista também. Não espere começar a receber muito para ser fiel a Deus. Quem é fiel no pouco, será fiel no muito; quem não é fiel no pouco, dificilmente será fiel no muito. Faça por fé, por amor a Deus e por reconhecer que ele é quem sustenta e abençoa a sua vida em todo tempo, e prometeu que “nada faltará”. Obrigado por me permitir dividir essa história com você. Receba e sinta um grande abraço. Rev. Ivam (é com “M” mesmo).

Você gostou da história? Eu sim. Com ela, percebi que não é necessário um nível muito alto de estudo ou compreensão para praticarmos os valores da Palavra de Deus. Que tal começar agora?

Rev. Sílvio Ferreira

Recém Publicados

Categorias