Antigamente, havia três tipos de pessoas: as boas, as “mais ou menos” e as não recomendáveis. Contudo, havia um único critério de avaliação, o qual não era posses, posições político-partidárias ou religião; antes, levava-se em conta apenas o que eram. As demais coisas não importavam. Quando um homem era trabalhador, honesto, cumpridor de seus deveres, respeitoso e cortês, nada mais importava. Ele seria admirado e respeitado. Sempre que possível, a cidade lhe prestaria algum tipo de honraria em situações especiais. Quando uma pessoa não tinha as características acima citadas, mas também não possuía nenhuma má característica, era tratada como “mais ou menos”: não receberia nenhum tipo de crítica e viveria no anonimato. Já aquele que não tinha as boas características e colecionava marcas reprováveis seria rejeitado, questionado e jamais lembrado. O que se pensava e se dizia era que pessoas assim não eram dignas de consideração.
Nos últimos cinquenta anos, as coisas foram mudando e os valores foram dando lugar a outras características. Já não era importante o ser, pois o interessante era o ter. Uma pessoa poderia até ostentar muitas qualidades notáveis, mas isso já não significaria mais nada para a sociedade. Agora, se ela possuísse muitas propriedades e uma boa conta bancária, as coisas mudavam de figura. Ali estava uma pessoa importante.
Recentemente, ou, mais precisamente, nos últimos 15 anos, desenvolveu-se a indústria do ódio, e os valores sofreram mudanças radicais. “Ser” ou “ter” já não tem o menor significado, pois o que importa agora é a ideologia. Aquele que pensa diferente a respeito de alguma coisa é rejeitado, ridicularizado e até mesmo maltratado. Isso aconteceu porque um grupo de pessoas inteligentes, com um projeto maldoso e bastante poder de persuasão, começou a propalar suas ideias nos meios estudantis e conseguiu destruir os valores existentes, impondo um novo modelo de valores; ou seja, aquele que não tiver a minha ideologia não merece respeito e deve ser odiado. Esse novo modo de pensar criou uma nova matriz de raciocínio e fez o ódio se espalhar por todos os cantos e acredita que existe “nós” e “eles”, porém não aceita que os outros precisam ser respeitados. Aliás, para aquele que pensa assim, quem não tem os mesmos valores precisa ser combatido, para não dizer exterminado.
Isso precisa mudar, pois não podemos viver no meio de tanto ódio. Se há cinquenta anos as pessoas viviam de forma amistosa, penso que é possível voltar a este modo antigo de se viver, no qual as pessoas eram tratadas com cordialidade, carinho e respeito.
Amados, vamos, como igreja, ensinar ao mundo que o modelo a seguir é Jesus. No dia em que o fizermos, certamente divulgaremos um jeito melhor de se viver os poucos dias que teremos por aqui, nesta terra.
Rev. Sílvio Ferreira