“Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar” (Salmos 41:9).
Não sei qual é o contexto do salmo 41 para poder levantar a situação que Davi vivia quando o compôs. Porém, uma coisa nós podemos afirmar: ele estava profundamente ferido com uma decepção. Um grande amigo o tinha abandonado, e era alguém que de dentro de sua casa, que comia de sua mesa, e que se levantou e foi embora. Davi ficou tentando descobrir a razão daquela atitude.
Dificilmente encontraremos uma postura que machuque mais do que a ingratidão. Todos que já sofreram alguma manifestação dela sabem que é realmente difícil de suportá-la. A ingratidão tem uma característica bastante interessante: ela dói para quem a sofre, mas é imperceptível para quem a pratica. Na maioria das vezes, quem foi ingrato nem percebeu que se comportou dessa forma. Por isso, é preciso atenção para não cair neste mal que causa tantas dores entre as pessoas. É preciso ter alguns cuidados para não se tornar uma pessoa ingrata.
Na Bíblia há muitos relatos de ingratidão, e a maior incidência dessa falha está na caminhada do povo pelo deserto, quando se dirigia para a terra prometida. Não podia acontecer nada que contrariasse um pouquinho o povo, que já começavam as reclamações. Algumas vezes, os ingratos eram agressivos ao ponto de chegar a promover rebeliões difíceis de serem controladas.
Os ingratos reclamavam do deserto, da falta de água e da demora em chegar. Reclamavam até do maná, dizendo que estavam enfastiados com aquela comida. A ingratidão chegou ao nível de o povo desejar voltar para o Egito. Cogitaram até mesmo levantar um capitão que os levasse de volta para as panelas de carnes. Logo no começo da viagem, fizeram um bezerro de ouro e declararam: “São estes, ó Israel, os seus deuses, que tiraram você da terra do Egito” (Êxodo 32:4).
A ingratidão tem muitas consequências, mas normalmente a primeira é o desprezo. Eles desprezaram a promessa da terra prometida, desprezaram a libertação da condição de escravos na terra do Egito, e desprezaram a salvação que o sangue do cordeiro pascal concedeu aos seus primogênitos. O povo ingrato no deserto deu muito trabalho para Moisés, entristeceu o coração de Deus, e muitos deles foram castigados e destruídos.
Olhar com desprezo as bênçãos que o nosso Deus tem derramado sobre as nossas vidas é pecado. Que tenhamos uma só postura: “Sejamos sempre gratos”.
Rev. Sílvio Ferreira