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Após as trevas, luz!

A Reforma Protestante, que teve seu início a partir do monge Martinho Lutero, que fixou 95 “teses” (defesas enfáticas de um ponto ou proposição de doutrina) na porta da Igreja do Castelo, em Wittenberg, Alemanha, no dia 31 de outubro de 1517, teve grandes impactos na sociedade alemã da época, os quais também puderam ser vistos no mundo inteiro. Lutero dificilmente tinha consciência da grandiosidade dos seus atos e sequer poderia saber que iniciou um movimento de proporções globais e de impacto duradouro. Assim como nenhum de nós pode imaginar que o que estamos passando agora pode representar um poderoso despertar na Igreja do Senhor Jesus, no mundo inteiro. Talvez nem mesmo tenhamos essa visão mais ampla, maior que nossa própria vida, que privilegia e que ama a Igreja, e quer vê-la crescendo. Mas, eu quero dizer a você: é preciso pensar nisso!

Verifiquemos alguns exemplos. Assim como Lutero, que insistia que a adoração nos templos fosse conduzida na língua do povo (no caso dele, o alemão) e não em latim, a fim de que tudo pudesse ser compreendido, nós também temos que prezar por uma vida piedosa contagiante e acessível. Quantas vezes você confundiu o momento de adoração coletiva com um momento exclusivamente seu? As experiências profundamente místicas e pessoais da espiritualidade fria da Idade Média foram substituídas pela visão do culto como serviço cristão; cada adorador é um sacerdote, e cada coração que crê se torna lar do Espírito do Deus vivo. A igreja, portanto, não é lugar de introspecção fechada, mas de comunhão, viva e jubilosa, com outros cristãos.

E o que dizer da educação? Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, é verdade. Mas, pare e pense por um instante: que materiais ele tinha à mão para fazer essa tradução? Hoje, nós utilizamos dicionários e recursos digitais. Lutero tinha tais recursos? Obviamente que não. Então, o seu esforço produziu gramáticas e a formalização de regras para facilitar o manejo do seu próprio idioma. Ele produziu recursos utilizados até hoje pelo povo alemão. Isso mostra que o estudo e a capacidade de interpretação são úteis para o desenvolvimento de uma vida piedosa diante da face de Deus. Hoje, como temos pensado em nossa adoração? Como um momento de treinar apenas o subjetivo? Como um meio de saber o que Deus quer “falar a mim”? Muito sangue e suor foram derramados para que hoje nós pudéssemos ter cópias traduzidas da Palavra de Deus disponíveis em nossos idiomas. Nós temos nos valido desse precioso esforço? Ou desprezamos os que vieram antes de nós desejando criar uma “espiritualidade pessoal”?

Muito mais poderia ser dito, mas, para os nossos propósitos, cumpre-nos dizer que a luz começou a brilhar sobre a Idade das Trevas quando um homem, à luz de velas, motivado pelo desejo de agradar a Deus e de servir aos seus irmãos, descobriu, pela Bíblia, meios para fazer isso. Caso você não saiba, Lutero produziu suas 95 teses porque estava indignado com a prática de venda de indulgências por parte da igreja católica romana, que consistia em dispender valores monetários a fim de comprar a salvação. O próprio Lutero se sentia indigno da salvação pelas obras e lutava com a culpa do pecado diariamente, sem qualquer alívio para a sua alma. Foi quando ele descobriu que “o justo viverá por fé” (Romanos 1:17), e isso revolucionou não só a sua época, mas toda a história. Ele não suportou ver pobres sendo explorados em prol de uma convicção que jamais viria. O que nos falta hoje? O mesmo desejo, o mesmo amor ardente, o mesmo sentimento a favor da Igreja que havia em Lutero.

Menos de nós, e mais do nosso Salvador. Menos esforços para nós, e mais zelo pela edificação do povo de Deus. Assim, a luz brilhará e continuará brilhando. Nas palavras do próprio Lutero: eu não fiz nada; a Palavra de Deus fez tudo.

João Pedro Cavani

Texto também publicado no Instagram, na página @moravias_

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