Normalmente, quem gosta de passarinho não gosta de gato, e quem gosta de gato não tem nada contra passarinho. Será que a explicação seria o fato dos gatos dos outros sempre levarem vantagens sobre os nossos passarinhos?
Alguns dizem que a família pode até se mudar para outra casa, mas os gatos optam por continuar no local; daí se dizer que os gatos não se afeiçoam às pessoas, e sim ao espaço. Será que isso acontecia porque os gatos eram tratados com frieza, e hoje eles são mais relacionais porque têm recebido tratamentos mais amorosos?
Bem, não é desse tipo de gato que eu quero falar. Quero falar de um gato pecaminoso que se tem praticado na sociedade. O “gato” da água, o “gato” da luz e o “gato” da TV, que nada mais são que ligações irregulares, que não remuneram o prestador de serviço e, consequentemente, causam prejuízos aos respectivos fornecedores, podendo inclusive inviabilizar a continuidade da instituição.
Quando uma família tem a sua luz cortada por falta de pagamento, e ao invés de regularizar sua situação junto à empresa fornecedora, acaba providenciando uma ligação clandestina, diz-se que ela está “fazendo um gato” na energia. Isso é o mesmo que furtar, e essa ação não deve ser praticada de forma alguma por ninguém, e muito menos pelo servo de Deus. Alguém poderia tentar se justificar alegando estar desempregado ou, quem sabe, que a renda não está sendo suficiente. Situação lamentável, mas não justifica tal atitude. O mesmo acontece em relação ao fornecimento de água. Milhares de ligações são feitas de forma clandestina, lesando a instituição prestadora do serviço.
Em algumas regiões do país esses “gatos” são severamente combatidos e punidos, levando inclusive à prisão dos criminosos. Em outras, a violência é tão intensa que não se consegue coibir a prática. Algumas tentativas de eliminar “gatos” acabam em atos de violência por parte da população, com depredação de viaturas e ferimentos de funcionários das concessionárias. Nessas situações, os “gatos” se tornaram normais.
Como a luz vem pelos fios dos postes, e a água, pela tubulação subterrânea, fazer o “gato” é algo que todos sabem ser errado. Existem, porém, outros “gatos” que dão a falsa impressão de não ter nada de errado: por exemplo, gato da TV que está se espalhando por aí. O interessado compra um equipamento legal de recepção de TV via satélite, com até nota fiscal e, após a devida instalação e configuração, ele consegue sintonizar em torno de 200 canais sem pagar um centavo por mês pelo resto da vida.
Se você tem um gato normal, cuide bem dele; porém, se o seu gato for o gato da clandestinidade, desfaça-se dele imediatamente, pois é errado, é crime, é mau testemunho e é pecado.
Rev. Sílvio Ferreira