Começo estas linhas fazendo a seguinte pergunta: como você define o cenário cristão dos nossos dias? Tenho certeza de que uma grande maioria o definiria mais ou menos assim: crescente sem profundidade.
Por muito tempo, os cristãos reformados afirmaram que não estavam preocupados com o crescimento numérico, e sim com o crescimento espiritual. A triste realidade é que, nas igrejas históricas, não se alcançou nem um nem outro.
O que existe hoje ao redor do mundo, em alguns segmentos religiosos, é a ênfase nos números. Contudo, isso ocorre à parte do surgimento de novos discípulos de Cristo; surgem apenas adeptos da denominação. É bastante reduzido o número de cristãos que, de fato, sejam maduros.
Alguns exemplos: a igreja cristã na China cresceu mais de cem vezes nos últimos cem anos. Existem muito mais cristãos adorando a Deus no domingo na China do que na Europa ocidental. O Brasil se tornou curiosidade do mundo inteiro pelo número assustador de pessoas deixando o catolicismo romano e aderindo às igrejas neopentecostais. O número de pessoas que se dizem evangélicas no Brasil é muito grande. Existem estatísticas apontando que já somos mais de 40%, e esse número continua crescendo a cada pesquisa.
Porém, na Bíblia encontramos Jesus questionando a fé de muitos de seus seguidores. O apóstolo Paulo se esforça sobremaneira para combater todas as formas de cristianismo sem o Cristo autêntico. E a pergunta que não quer calar é exatamente essa: como está a maturidade dos crentes? Nesse ponto, temos que abaixar a cabeça e responder que estamos mal, e pioramos a cada dia.
Maturidade cristã não é difícil de ser definida, mas é difícil de ser conseguida. Stott a define com as seguintes palavras:
“Ser maduro é ter um relacionamento maduro com Cristo, no qual o adoramos, confiamos nele, o amamos e o obedecemos.”
Tornar-se um cristão maduro é algo que depende de uma parceria entre o homem e Deus. Deus atua e o homem labuta, cada um fazendo sua parte. O apóstolo Paulo buscava a unção de Deus e se afadigava na busca da maturidade, a ponto de dizer que esmurrava seu corpo para não ser desqualificado.
J.I. Packer escreve na introdução do seu livro “O conhecimento de Deus”: somos cristãos pigmeus porque temos um deus pigmeu. O Cristo que muitos seguem é, na verdade, um cristo distorcido, que não passa de uma caricatura do Cristo autêntico.
Amados, se realmente queremos desenvolver uma maturidade verdadeira e que agrade a Deus, precisamos, acima de tudo, de uma visão renovada e verdadeira de Jesus, “a imagem visível do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.”
Rev. Sílvio Ferreira